Reforma Tributária começará seus testes em julho
Testes da Reforma Tributária começam em julho, mas ainda sem APIs nem dados reais
A tão aguardada Reforma Tributária começou a sair do papel — pelo menos no que diz respeito aos testes. Desde o dia 1º de julho, empresas de grande porte e desenvolvedores de sistemas ERP (softwares de gestão empresarial) iniciaram simulações com base nas novas regras de apuração de tributos. A iniciativa é coordenada pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação).
Apesar do avanço, o cenário ainda está longe do ideal. Os testes estão sendo realizados de forma manual, sem uso de dados reais e sem qualquer integração com os sistemas da Receita Federal ou dos fiscos estaduais e municipais. Na prática, estamos testando no escuro.
Por que os testes não são suficientes?
De acordo com Sergio Sgobbi, diretor de Relações Institucionais da Brasscom, o grande problema é a ausência de APIs — as interfaces que permitem a comunicação entre os sistemas das empresas e os órgãos arrecadadores. Sem elas, os testes atuais não conseguem simular de fato como será a nova rotina fiscal no país.
Isso significa que os testes não estão medindo o principal desafio da Reforma: a interoperabilidade entre sistemas.
“Os testes não servirão para verificar a interoperabilidade dos dados entre ERPs e o Fisco, pois as APIs ainda não existem”, alertou Sgobbi, em entrevista ao IA Gov Fórum, em São Paulo.
O desafio da digitalização
Um dado trazido pela própria Brasscom acende ainda mais o sinal de alerta: apenas 17% das empresas brasileiras estão digitalizadas. Isso quer dizer que mais de 80% ainda operam com processos manuais ou com baixo nível de informatização.
Considerando que a nova estrutura tributária exigirá 100% de digitalização, esse cenário revela um descompasso preocupante entre a legislação e a realidade do mercado.
Falta de cronograma para integração
A Brasscom já entregou ao governo federal uma lista com as APIs que precisam ser desenvolvidas para garantir a comunicação entre ERPs e os sistemas do Fisco. No entanto, até o momento, não houve retorno oficial nem previsão de quando essas integrações serão disponibilizadas para testes reais.
Também foi destacado que as empresas públicas de tecnologia da informação (as chamadas “Prods”, responsáveis pelos sistemas de estados e municípios) terão papel essencial nesse processo. Mas ainda não se sabe se elas conseguirão atuar dentro do prazo previsto.
Dois sistemas convivendo até 2032
Um dos pontos mais delicados da transição é o paralelismo entre os sistemas. O modelo atual de tributação continuará válido até 2032, enquanto o novo sistema será implantado gradualmente a partir de 2026.
Isso significa que, por sete anos, empresas e contadores terão que lidar com dois modelos tributários ao mesmo tempo — o antigo e o novo. Isso representa uma sobrecarga operacional significativa, que exige:
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Atualização constante dos sistemas contábeis e fiscais
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Treinamento de equipes
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Adaptação de processos internos
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Acompanhamento das mudanças legais e tecnológicas
O que muda com a Reforma Tributária?
A Reforma prevê a substituição de cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) por dois novos:
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CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de competência federal
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IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), gerido por estados e municípios
A transição será gradual, com início em 2026 e término previsto para 2032. A proposta busca simplificar a tributação sobre o consumo, mas exigirá forte investimento em tecnologia, planejamento e organização.
Como sua empresa pode (e deve) se preparar
Diante desse cenário, é fundamental que empresas, contadores e desenvolvedores de software iniciem imediatamente a preparação para essa transformação. Alguns passos essenciais são:
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Digitalizar processos fiscais e contábeis
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Investir em sistemas atualizados e compatíveis com o novo modelo
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Acompanhar de perto os testes e os comunicados oficiais do governo
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Capacitar equipes para lidar com as novas obrigações acessórias
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Estabelecer parcerias estratégicas com contabilidades que entendem a Reforma
Conclusão
A Reforma Tributária já começou a ser testada, mas ainda enfrenta sérias limitações técnicas. A ausência de APIs, a baixa digitalização do setor empresarial e a falta de um cronograma claro para integração dos sistemas são barreiras reais que precisam ser enfrentadas com urgência.
Na HEVCON, estamos acompanhando cada etapa dessa transição para orientar nossos clientes com clareza, responsabilidade e segurança. O momento de se preparar é agora — e quem se antecipar terá uma vantagem competitiva importante nos próximos anos.
Se sua empresa ainda não começou a se organizar para essa nova realidade, conte com a gente.
Fonte: Jornal Contábeis